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02
Out14

Não sei bem como começar isto. Nem sei bem se quero começar isto. Nem sei bem o que dizer.

 

Poucos minutos após o dia do meu 19º aniversário terminar deste-me os parabéns. Ter sido fora de tempo, foi o mote que serviu para começarmos a falar. Embora eu já te tenha dito que já tinha reparado em ti e que te achava bonito.

 

No início as nossas conversas eram absurdas, talvez por estarmos em “público”, talvez por não nos conhecermos bem... Porém, algures no mês de Maio, lá quiseste saber qual era o meu nome do Skype, naquilo que foi meio uma pergunta, meio uma afirmação.

 

Começámos então a falar de tudo e de nada. E era tão fácil falar contigo...! Acho que nunca me entendi com ninguém como me entendia contigo. Chegaste a dizer-me que gostavas mais de falar comigo do que com os teus amigos porque sempre te ouvi e sempre tentei ajudar-te sem nunca te julgar. Achávamos piada às mesmas coisas, ouvíamos o mesmo estilo de música, agíamos de forma semelhante e, raios!, até não tirámos a carta de condução pela mesma razão!

 

De repente tudo se tornou mais simples. Já não me custava a acordar de manhã, para me custar a ir dormir à noite. Os meus problemas não eram assim tão problemáticos. Tinha alguém com quem falar, alguém que me entendia e que, de uma maneira ou de outra, me divertia. As tonturas desapareceram. Os ataques de ansiedade raramente vinham. Senti-me novamente uma pessoa normal.

 

Quando estava a ter um dia mau, sabias sempre como me animar sem paninhos quentes e sem me fazeres sentir uma coitadinha. Eras o melhor antidepressivo e nem fazias ideia.

 

Entendo que seja difícil lidar comigo, porque preciso de verificar constantemente que as pessoas ainda não se fartaram de mim. Por isso é que me decidi afastar quando as coisas começaram a ficar estranhas e tu me juraste que não se passava nada de todas as vezes que te perguntei. Talvez estivesse tudo na minha cabeça. Ou talvez não, pois quando fui deixaste-me ir.

 

No dia do meu 21º aniversário passei por ti. Tu não me viste, ias acompanhado e a rir-te. Parecias feliz. Ver-te foi como levar com um camião em cima. Chorei durante horas e quando parava de chorar, chorava outra vez.

 

Tenho saudades tuas. Na verdade não sei se tenho saudades tuas ou se apenas sinto a tua falta. É um misto de ambas. Seja o que for, não me deixa dormir à noite, não me deixa viver de dia. É um peso no peito que não me deixa respirar e ao mesmo tempo é um vazio como se faltasse parte de mim.

 

Já passou mais de um ano e estou pior do que no primeiro dia. Pioro a cada dia que passa. Os ataques de ansiedade aparecem todos os dias. As tonturas e os ataques de pânico voltaram. Há noites em que estou acordada até as quatro e cinco da manhã a chorar. Quando durmo não consigo manter o sono.

 

Antes estava acordada até às 4/5 da manhã só para falar contigo, agora já não são poucas as vezes em que me pergunto o que estou a fazer acordada à 1 da manhã. Já nada me fascina, já nada me diverte.

 

Sinto-me numa estrada de terra batida, no meio do nada, a conduzir sem rumo e a cada lomba ou buraco que passo, estrago mais um pouco do carro. E estou farta desta viagem. E estou farta dos dias cinzentos. E estou farta desta tristeza que me assombra todos os dias.

 

Talvez esteja a ser extremamente egoísta e na verdade não sinto a tua falta, sinto falta de como me sentia contigo. E no entanto ainda aqui estou a escrever-te na certeza que não irás ler uma palavra.

 

A verdade é que não guardo rancor. Sinto-me apenas triste por ter a confirmação de que não signifiquei para ti o que significaste para mim. Não te preocupes que guardei e vou continuar a guardar os teus segredos. E não disse o teu nome apesar de saber que parte das pessoas que leram isto sabem quem és.

 

Espero sinceramente que sejas feliz. E isto é um adeus, I suppose.

A Sara que te tolera.

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1 crítica

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De Alegria a 02.11.2015 às 00:29

Esse senhor não te merece comigo eras bem mais feliz.
Um Beijo molhado!

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"to be awake is for us to think and for us to think is to be alive" — Car Radio, twenty one pilots