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17
Jun14

O clube dos sem clube

por sarahatesyou

4 meses depois, de volta aos posts. E juro solenemente que não escrevi nada de jeito. Mas isto tem uma razão plausível: ando a querer mudar o visual do blog mas não tenho ideias. Also, tenho uns 7 posts mentalmente escritos mas está difícil passar para o papel.

 

Hoje trago-vos a minha opinião acerca do clube dos sem clube, ou para os mais sexistas – o clube das gajas.

 

A seleção portuguesa jogou ontem e perdeu 4-0, mas isso vocês já sabem e não é disso que eu vou falar.

 

Eu sou do Benfica, vocês sabem. Sou Benfiquista e não me imagino ser de outro clube. Sou do Benfica porque é um clube cujos valores me identifico e cujo futebol me atrai. Não sou do Benfica porque é o clube da minha terra. O Benfica, qual Jesus nosso senhor todo-poderoso, nasceu em Belém e eu em Massarelos. Belém fica em Lisboa e Massarelos no Porto.

 

A seleção nacional é o clube dos sem clube. Se perguntares a alguém que constantemente se queixa que passas demasiado tempo a falar de futebol qual é o clube que apoia, há uma forte probabilidade dessa pessoa responder “não gosto de nenhum clube em particular, só gosto da seleção”. Eu percebo. É mais fácil gostar da seleção do que nos comprometermos com um clube. A seleção joga quase de ano a ano, há um investimento monetário e pessoal menor, não se sofre tantas vezes...

 

Acontece que as regras da boa convivência em sociedade ditam que por nascermos em determinado país temos que apoiar a seleção desse mesmo país. Não temos que apoiar a seleção que, para nós, tem o futebol mais atrativo; não temos que apoiar a seleção com mais garra e vontade de vencer. Temos que apoiar a seleção do nosso país. Vendo bem até temos sorte porque nascemos em Portugal. A equipa portuguesa tem (e teve) bons jogadores - três deles considerados, cada um no seu tempo, melhores do mundo. Mau seria se fossemos naturais das Honduras e nos tivéssemos de contentar, por exemplo, com esse colosso futebolístico que é o Figueroa.

 

Eu não apoio a seleção portuguesa, quem me segue no twitter já reparou nisso. Não consigo sentir pela seleção portuguesa o que sinto pelo Benfica. Não consigo ver a seleção portuguesa como uma equipa, mas como um grupo de rapazes cujo objetivo é servir o Tsubasa português. Gosto do jogo em equipa, gosto da união, gosto do “quando ganhamos, ganhamos todos; quando perdemos, perdemos todos”. Para vocês a seleção portuguesa pode representar Portugal, mas para mim é apenas mais um clube que engloba jogadores que não consigo tolerar (leia-se Patrício, Bruno Alves...). “Tens que apoiar porque são do teu país”. Não. Não tenho. Não está escrito na Constituição Portuguesa que isso tem que acontecer, não está escrito na Declaração Universal dos Direitos Humanos (e sim, li ambas antes de escrever este post). Como disse Ricardo Araújo Pereira, há pouco tempo, também eu me sinto mais patriota do Oblak do que do Patrício.

 

Por isso é que o país não vai para a frente, por haver pessoas como tu que não apoiam a seleção.” Fala-me então de quantas vezes vais ao supermercado comprar artigos feitos em Portugal, sabes? Aqueles com aquela etiqueta vermelha e verde que diz “COMPRO O QUE É NOSSO”. Fala-me de onde foi feito o teu carro. Fala-me de como vais comprar os teus bikinis à loja dos chineses. Por isso é que o país não vai para a frente, por haver pessoas como tu que não apoiam a produção nacional.

 

I rest my case.

 

Portem-se bem.
Sejam amigos, e deixem os outros apoiar a seleção que mais gostam.
A Sara odeia-vos. ♡

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"to be awake is for us to think and for us to think is to be alive" — Car Radio, twenty one pilots