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Todos os anos há uma banda nova da moda. Este ano foram os One Direction. Há dois anos foi o Bieber. Há três anos a Lady Gaga. Há quatro anos os Tokio Hotel. Há cinco anos os Jonas Brothers. And so on. Todos os anos há canalha que fica histérica por causa desse artista da moda.


Estou a dar-me permissão de tocar neste assunto porque fiz parte da canalha que no dia 16 de Março de 2008 se encontrava a chorar horrores à porta do Pavilhão Atlântico porque o Bill estava mal da garganta e não pôde cantar nesse dia. Não é uma fase que me orgulhe, mas também não escondo porque não é algo que tenha vergonha de admitir. (De vez em quando lá vou ouvir uma musiquinha os outra dos cachopos, só naquela da nostalgia. E também estou à espera que saia o novo álbum, porque tenho curiosidade em ver o que vai sair dali. Mas não vou a correr comprar no dia de lançamento, como já fui outrora.)


Eu sei que as pitas irritam, eu própria fui uma (ainda sou um bocadinho, todos somos pitas com alguma coisa) e devo admitir-vos que mesmo nessa altura havia pitas que me faziam confusão. Mas também devem ter consciência que lá porque uma pessoa gosta de uma banda da moda, não faz dela pita.


Guia básico para reconhecer uma pita:

  1. Uma pita grita (ou faz sons semelhantes a um apito) sempre que se menciona a banda, um membro da banda, ou alguem que tenha o nome de um membro da banda.
  2. Uma pita fica ofendida se disserem que o que ouvem e terrivel e/ou se insultarem a banda e vai apresentar-vos uma dissertação sobre o porquê da banda não ser terrível.
  3. Uma pita comeca a hiperventilar se vir uma revista ou um artigo de merchandise da banda (piora se os pais nao a deixarem comprar).
  4. Uma pita chora durante dias se a banda vier a Portugal e os pais nao a deixarem ir (NOTA: podem verificar-se tentativas de suicidio ou de fuga).
  5. Uma pita vai spammar redes sociais da banda e/ou de promotores de eventos com mensagens a pedir que venham a Portugal.
     

A pita é um ser vivo pubescente que ainda está a formar a personalidade e necessita de se identificar com algo, precisa de dar sentido à vida porque anda um pouco perdida, então vira-se para uma banda, um jogador de futebol, o que seja, e dedica cerca de 80% do seu tempo a essa criatura. Para quem está de fora, parece ridículo, mas é assim que funciona.


Agora, dirigindo-me para as possíveis pitas que estejam a ler isto: não se ofendam com tanto, eu sei que devem estar sempre a ouvir isto, mas acreditem em mim, já estive desse lado e agora vocês acham que One Directions, Big Time Rushes e Biebers desta vida são a coisa mais maravilhosa que apareceu no mundo e que toda a gente deve respeitar o que vocês ouvem porque vocês também não gozam com as bandas que os outros ouvem e afins, mas vocês estão sob o efeito da paixão, e o efeito da paixão faz tudo parecer ter sentido e ser perfeito e tal, mas quando vos passar a paixão vão ver que a figura que fizeram é ridícula e que se calhar isso não é assim tão genial como parece.


Vou contar-vos uma breve história de como eu me apercebi que a minha febre Tokio Hotel tinha passado. Foi antes de sair o último álbum, Humanoid (sim, aquele cujo concerto o Bill parecia uma árvore de Natal), eu tinha acabado de vir de férias e tinham leakado umas 3 canções. No sítio onde eu estava não havia internet nem só havia rede Vodafone em sítios bastante específicos e estratégicos, então eu estava completamente a leste do que se estava a passar. Uma conhecida minha, também ela pita Tokio Hotel, enviou-me uma mensagem a informar que três canções tinham leakado e eu pedi-lhe para gravar o refrão e me enviar por mms. Quando regressei de férias essa minha conhecida avisou-me que ia haver um encontro de fãs e pediu-me para ir com ela, embora a vontade fosse pouca, concordei em ir com ela. Ouvi as tais canções uma vez (e achei uma valente merda, vamos ser sinceros) e no dia seguinte lá fui até à porta do Pavilhão Atlântico. Quando lá cheguei, juro-vos que pensei ter entrado num freak show. Havia gente vestida de forma muito estranha, mais estranha que o habitual, ao ponto de haver uma rapariga com uma peruca verde. Sentei-me num dos degraus do P.A. e deixei-as fazer o barulho todo que até eu outrora costumava fazer. Entretanto a moça da peruca verde decide que era uma boa altura para todos cantarmos as canções que tinham leakado e iam gravar para depois fazerem um videoclip ou algo do género. Ela vem chamar-me para eu ir também para o meio do freak show cantar, e admiti-lhe que não podia ir porque não sabia as letras. Nunca vi ninguém tão ofendido na minha vida. A personagem começou a berrar que eu não era uma fã verdadeira porque tinha a obrigação de saber as letras e que até a não sei das quantas que tinha ido para a Espanha de férias sabia as letras de cor. Fiz o que a Sara faz sempre que a ofendem: mandei-a para o caralho (desculpa mãe) e fui embora. Foi aí que me pus a pensar no que tinha acontecido e que se calhar eles já não eram tão relevantes na minha vida. Ao ver o ridículo dos outros apercebi-me do meu próprio ridículo.


Resumindo, anti-pitas continuem a gozar com as pitas, pitas continuem a ser pitas mas não se ofendam tanto. Isto não é assim tão importante. E o Bieber é uma merda e os One Direction são uma merda e a Lady Gaga é uma merda e os Tokio Hotel são uma merda e os Jonas Brothers são uma merda mas se vocês gostam desta merda ouçam. Não peçam a quem não gosta para respeitarem os vossos gostos e que parem de dizer que eles são uma merda, porque ao fazerem isso não estão a respeitar a opinião dos haters!

 

E mais importante: sejam amigos.
Peace out, motherfuckers \o/

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"to be awake is for us to think and for us to think is to be alive" — Car Radio, twenty one pilots